quarta-feira, 26 de maio de 2010


Os caminhos da música cristã no Brasil... 


Introdução
Neste pequeno artigo/estudo, queremos fazer uma rápida análise história do uso da música na adoração e evangelização, entendendo um pouco mais de nossas raízes, de nossa herança, e também do que temos visto não só fora, como dentro da realidade no Brasil, além de termos mais alguns elementos para tentarmos tratar e lidar com as questões abaixo:
  • Como podemos avaliar a herança que recebemos dos missionários? O que a história nos ensina e aponta?
  • Como encarar a música produzida no Brasil hoje, tanto na adoração como na evangelização? Estamos abrindo mão do que cremos?
  • Como encarar a cultura no processo criativo? Há limites que devemos respeitar na produção de música considerada cristã?
É fundamental levarmos em conta o propósito da música na adoração e na evangelização. Adquirirmos informações e conhecermos mais do universo da música cristã, trará alguns balizamentos e ampliará nossos caminhos para a música que temos feito nas igrejas ou por músicos e compositores cristãos.
   A música na adoração, nos primeiros séculos do cristianismo e seu desenvolvimento na reforma protestante.
  •  A música é uma forma legítima de expressão que pode e deve ser usada na adoração. O estudo histórico dos povos da Antiguidade sempre mostra o uso da música como forma de expressão e criatividade do homem.
  • A música foi usada como parte das cerimônias civis e religiosas nas civilizações antigas. A música cantada ou tocada era uma importante manifestação do louvor do povo hebreu.
  • Em 1 Crônicas 15:16-24 temos o registro do trabalho musical e de adoração feita pelos levitas, trabalho sério, profundo e organizado.
  • O Salmo 150 mostra a universalidade da música e das inúmeras possibilidades de uso, considerando as diferentes realidades culturais.
  • O uso terapêutico da música esteve sempre presente (modificou o estado de espírito de Saul, trabalha as emoções)
  • O trabalho dos poetas cristãos eram foram sendo incluídos no repertório da igreja primitiva ( Ef 5.19; Col 3.16)
  • O Novo Testamento mostra a dependência inicial das práticas judaicas.
2.1 Características da música na época da reforma
  • Canto
  • Instrumental
  • Somente homens e meninos
  • Ritmos dependentes dos textos
  • Decreto de Constantino (ano313), Santo Ambrósio séc IV), São Gregório, papa de 590 a 604.
  • Reforma: Lutero (1483-1546), poeta e músico organiza e busca um fortalecimento e depuração doutrinário e a música acompanha esta divisão eclesiástica, buscando suas distinções. A igreja nova procurou restaurar o canto congregacional. “ Castelo Forte” torna-se conhecido como o hino da Reforma.
  • Faz uso de melodias seculares para seus hinos e cânticos, num claro esforço na evangelização e popularizar as doutrinas da Reforma.
  • Calvino se opôs ao uso de instrumentos musicais, cânticos e hinos com divisões e cujas letras não fossem extraídas das Escrituras.
  • Historiadores musicais apontam o fato de que buscar melodias seculares para tornar a música cristã conhecida é um acontecimento familiar na história da igreja.
       A música na Igreja no Brasil
Os primeiros cânticos evangélicos soam no Brasil no próprio século de seu descobrimento, o mesmo da Reforma. Vários alemães viajantes como Hans Staden, Heliodoro Fobano e Ulrico Schmidel divulgaram a música de Lutero e de outras cantadas pela igreja calvinista na Baía de Guanabara.
a. Primeiro culto evangélico em 1557
b. Século XVII: início da atividade de adoração e música.
c. Século XVIII: silêncio de manifestações musicais
d. Século XIX: hinos de criação anglo-americana trazidos pelos missionários. Período caracterizado pela organização dos hinários eclesiásticos (1855 a 1932) e depois de consolidação (1932). Período fértil na música.
e. Pouca preocupação com nossa cultura, e quase não houve contextualização.
f. Música Cristã Contemporânea (final da década de 60 e início dos 70). O Jesus Movement aconteceu de roldão em meio a um avivamento, onde Jesus e seus ensinos tinham grande ênfase, em vez da institucionalização das igrejas norte-americanas. O grupo musical Love Song teve grande influência nesta época, junto do ministério da Calvary Chapel, do pastor Chuck Smith.
g. O ministério Maranatha Music teve grande influência, principalmente na missão Vencedores Por Cristo, fundada por Jaime Kemp, onde autores de cantatas e hinos como Kurt Kaiser, Otis Skillings, Ralph Carmichael, Don Wyrtzen (PV) tiveram espaço.
Correndo o risco de esquecer alguém, permito-me a um flash:Vencedores através de suas gravações e ministério evangelístico, veiculou músicas em novos estilos de adoração e evangelização. Outros trabalhos como da Palavra da Vida (Harry Bolback), e de estilos populares tradicionais como Feliciano Amaral e Luís de Carvalho ganhavam espaço também, e as primeiras gravadoras evangélicas aparecem. Grupos como Novo Alvorecer, Mensagem, PAS, Vozes da Verdade, surgem no cenário evangélico.
h. A gravação do disco “De vento em Pôpa”, rompeu definitivamente com as barreiras culturais, trazendo nomes como Aristeu Pires (Brasília), Guilherme Kerr (Campinas), Sérgio Pimenta (Rio), Artur Mendes e Edy Chagas (Bauru), Nelson Bomilcar, Sérgio Leoto e Gerson Ortega (São Paulo), etc.
i. Tivemos também uma influência do Jairinho Gonçalves e Paulo César (PV, Elo e atualmente Logos), do Janires (Rebanhão e MPC) na evangelização e música jovem, coincidindo com o trabalho de David Wilkerson no Brasil na recuperação de toxicômanos e da igreja Cristo Salva do saudoso Tio Cássio, Maurão no trabalho com crianças, Wolô, excelente poeta junto à ABU, Edilson Botelho (Jovens da Verdade), Som Maior, entre os jovens batistas, Grupo Café entre presbiterianos, cada um dentro de seus estilos, trazendo novos ares para a música cristã.
j. O trabalho de Asaph Borba junto a Seara Evangelística no Sul, hoje Comunidade de Porto Alegre, trouxe novo alento na adoração comunitária e influenciou grandemente a igreja no Brasil., tendo como parceiros de visão Adhemar de Campos (Comunidade da Graça) e Gerson Ortega (VPC, Semente e atualmente na Igreja Cristã da Família), Bene Gomes e Alda Célia com o ministério Koinonia desde 88. Destaque para o trabalho brasileiro do MILAD.
k. Vale o registro do trabalho de Jorge Camargo, Jorge Rehder e João Alexandre pelas inúmeras músicas de louvor e de conteúdo evangelístico registrados em cantatas, discos, CDS, fitas e partituras, além do trabalho contextualizado do Josué Rodrigues, Expresso Luz, Carlinhos Veiga e Quarteto Vida junto à Mocidade Para Cristo.
l. Inúmeros cantores, bandas, ministros de louvor e músicos como Kleber Lucas, Ana Paula Valadão (Lagoinha), Carlinhos Félix, Massao Suguihara, Jônatas Liasch (Natinha), Banda Rara, Oficina G-3, Koinonia (Vitória), Carlos Sider (Mensagem), Gladir Cabral, Arlindo Lima (Belém), Daniel Maia, Maurício Caruso, Maurício Domene, Quico Fagundes(Brasília), David Neto, Hilquias Alves, em trabalhos instrumentais, Cia de Jesus, Cântaro, Sal da Terra, Céu na Boca (Brasília), tem influenciado grupos e regiões diversas.
Na área de coros, hinos, partituras, educação e estruturação de trabalhos musicais em igrejas locais e instituições de ensino teológico-musical, tivemos grande influência de João Faustini, Jaci Maraschin, Almir Rosa, Fred e Edward Span, Dick Torrans, Simei Monteiro, Nabor Nunes, Nelson Mathias e Williams Costa Júnior, nas diversas denominações. Tivemos também de relevante numa história mais recente o que chamo de movimento gospel no Brasil, caracterizado mais com formas musicais diversas(pop, rock, etc), bem diferente do gênero gospel original e da música cristã mais comportada feita até então, objetivando alcançar jovens. Uniu-se a esta ênfase, uma visão e estratégia de marketing para popularizar o gênero na mídia, aproveitando da experiência de homens de publicidade, e de um trabalho que hora surgia, o Renascer em Cristo, o que realmente acabou acontecendo; Brother Simeon, Katsbarnea desenvolvem um trabalho musical de grande influência entre adolescentes e jovens.
Louvamos a Deus pelo sopro do Espírito Santo em nossa nação nestas últimas décadas.  Manifestações de poder, quebrantamento, mais informalidade e autenticidade, maior participação no louvor, edificação, cuidado maior em nossas instituições teológicas de ensino quanto a música, visão profética na adoração, são ganhos e conquistas que não podemos desprezar.

Um comentário:

  1. Muito bom o post! É bom reunir conhecimentos sobre uma forma táo sublime de adorar a Deus, o louvor! Através de louvores tive minha vida direcionada à Ele.

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